Faleceu Rui Nabeiro, um exemplo de Robert Owen, que fez de Campo Maior uma outra New Lanark. Um alentejano, um raiano que fez do ir e vir na transposição da fronteira um modo de “ganhar a vida”, e daí começou um “negócio” cuja dimensão factual o guindou a um dos maiores empresários, cujo sucesso não se consubstanciou só numa abordagem do lucro pelo lucro. Aliás, o José Luís Peixoto no seu livro “Almoço de Domingo” tem isso bem marcado no registo que fez de Rui Nabeiro.
É uma honra para mim elogiar um empresário que teve preocupações sociais como pessoa e na sua estratégia de negócios. É raro encontrar líderes empresariais que estejam dispostos a colocar as necessidades da sociedade acima do lucro, mas esses líderes são vitais para criar um mundo melhor para todos nós.
Ao incorporar preocupações sociais nos seus negócios, este empresário demonstrou um forte senso de responsabilidade social e cidadania corporativa. Ele entendeu que a responsabilidade dos negócios vai além de simplesmente gerar lucros e que as empresas têm um papel importante a desempenhar na construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
Além disso, ao fazer escolhas conscientes em relação aos seus produtos, serviços e práticas empresariais, este empresário contribui para moldar um mercado mais ético e responsável. Creio que provou que é possível equilibrar preocupações sociais e económicas, que empresas responsáveis podem ser bem-sucedidas e lucrativas ao mesmo tempo.
Ao investir em projetos sociais e comunitários (Campo Maior e outros locais são disso prova), projetos de natureza académica e científica (A Cátedra Rui Nabeiro, na Universidade de Évora, destina-se à promoção da investigação, do ensino e da divulgação científica na área da Biodiversidade), este empresário contribui ativamente para o desenvolvimento e bem-estar da sociedade. Não será de mais salientar, ele está usou a sua posição de influência e poder para fazer uma diferença positiva e inspirar outras empresas a seguirem o seu exemplo.
Sempre tive um enorme respeito pelo Senhor Rui Nabeiro, e no meu “entendimento” merece todo o elogio pelas suas preocupações sociais e por ser um modelo a seguir para outras empresas. Já agora, se me é permitido, se outras figuras que se destacaram no campo das artes, das letras, da cultura, do espetáculo (até o futebol), tiveram o seu lugar no panteão, este homem que foi um modelo na sua atividade profissional e que muito contribui para o desenvolvimento de uma região, um empresário inovador, humanista e solidário, creio que também merece essa homenagem. A sua abordagem ética e responsável é um exemplo fundamental para construir um futuro melhor para todos nós.
Tenho dito.
Domingos Caeiro