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Sexta-feira, 1 de Novembro de 2024
Relações Luso-Nipónicas – Mono-no-aware e uma Saudade: “Entre Páginas: teias narrativas entre o Japão e Portugal.”

Excelentíssimos Professores, Estudantes, Ilustres Convidados e Membros da Comunidade Universitária,

Permitam-me iniciar com uma palavra de gratidão a todos que contribuíram para o sucesso deste II Simpósio Temático: Relações Luso-Nipónicas – Mono-no-aware e uma Saudade: “Entre Páginas: teias narrativas entre o Japão e Portugal.”

Hoje, concluímos mais uma etapa no caminho de fortalecer e aprofundar os laços culturais e literários que unem Portugal e o Japão. Ao longo deste evento, fomos enriquecidos por análises perspicazes e apresentações que realçaram a importância do intercâmbio literário entre as nossas duas nações, construído ao longo de 480 anos de amizade.

Este simpósio, dando continuidade à celebração das relações históricas luso-nipónicas, não apenas se limitou a revisitar os marcos do passado. Pelo contrário, expandiu-se para refletir sobre como essas relações têm evoluído e florescido, particularmente no campo da literatura, onde as trocas culturais tomam forma em palavras, imagens e emoções que transcendem fronteiras geográficas e temporais. Através das páginas escritas, tanto por autores portugueses como japoneses, testemunhamos como a saudade e o mono-no-aware, dois conceitos intrinsecamente ligados ao sentir de cada cultura, se encontram em narrativas que ressoam com a sensibilidade universal.

Foi abordado, com extrema clareza e erudição pelos especialistas aqui presentes e os que estão do outro deste hemisfério, como essas trocas literárias criam teias narrativas que refletem não só as diferenças culturais, mas também os valores humanos que nos aproximam. O poder das palavras tem sido um meio fundamental para continuar a construir pontes entre Portugal e o Japão, e é precisamente através dessa lente literária que podemos compreender melhor o que nos une.

Neste sentido, é impossível não destacar o papel crucial da Universidade e da academia em sustentar e nutrir esses laços. As instituições académicas são, e continuarão a ser, pilares centrais para a preservação e promoção das conexões culturais entre as nações. Num mundo que parece, muitas vezes, fragmentar-se diante dos nossos olhos, onde a globalização convive paradoxalmente com o isolamento e a polarização, é essencial que a Universidade se mantenha como um espaço de diálogo, troca e construção conjunta de conhecimento.

A universidade, como vimos ao longo deste simpósio, desempenha as suas três missões essenciais: o ensino, a investigação e a transferência de conhecimento versus extensão universitária e cultural. Mas, no contexto das relações luso-nipónicas, quero destacar, sobretudo, o papel da extensão universitária – a terceira missão da universidade –, que se revela vital para a manutenção e o fortalecimento dos laços culturais e humanos. Ao partilhar o conhecimento com a sociedade, ao promover o entendimento intercultural e ao integrar-se e desenvolver atividades que aproximam diferentes partes do mundo, a academia não apenas preserva o passado, mas projeta um futuro de cooperação e enriquecimento mútuo.

Encorajamos todos os membros da comunidade universitária a continuar a explorar essas ricas interseções culturais e a estender a mão, por meio da literatura, da arte e da ciência, para manter vivas essas conexões. Através de parcerias entre instituições, da colaboração com entidades culturais e da promoção de iniciativas que envolvam a sociedade, estamos a garantir que os laços entre Portugal e o Japão não se percam, mas sim que se fortaleçam e floresçam ainda mais.

Devemos, portanto, continuar a incentivar os nossos estudantes e professores a se envolverem ativamente na promoção deste diálogo cultural e literário. Ao celebrarmos a amizade entre Portugal e o Japão, também reafirmamos o nosso compromisso com um futuro em que a colaboração entre povos, mediada pelo conhecimento e pela cultura, seja a chave para a construção de uma sociedade mais justa e integrada.

Em tempos de incerteza e divisão, é crucial que a universidade se mantenha como um espaço de encontro, onde as ideias circulam e as fronteiras se desfazem. O nosso dever, enquanto membros da comunidade académica, é garantir que a terceira missão da universidade – a sua ligação à sociedade – seja cumprida com vigor e determinação. Mediante eventos como este, reforçamos o nosso compromisso de transferir o conhecimento além dos do campus, sejam físicos ou digitais, envolvendo a sociedade e promovendo o intercâmbio cultural como um caminho para a paz e o entendimento global.

Por fim, deixo uma reflexão. Se há algo que aprendemos ao longo destes dois simpósios, é que o valor das relações humanas e culturais está na sua capacidade de gerar empatia e entendimento. O mono-no-aware japonês, a consciência da transitoriedade das coisas e a saudade portuguesa, o anseio pelo que se perdeu, ambos falam de um reconhecimento profundo das emoções e experiências que nos conectam como seres humanos. E é essa sensibilidade que devemos preservar, num mundo cada vez mais desafiado pela indiferença e pela desconexão.

Ao encerrar este II Simpósio, quero agradecer a todos os que participaram, aos académicos que contribuíram com as suas análises, e a todos os presentes que, com o seu interesse e atenção, ajudaram a tornar este evento um sucesso. Encerramos este II Simpósio com o sentimento de que a jornada continua. As páginas da nossa história conjunta estão longe de serem totalmente escritas, e cabe a nós, enquanto academia e sociedade, continuar a contribuir para essa narrativa rica e em constante evolução.

Mais uma vez, agradeço profundamente a todos os participantes, palestrantes e organizadores deste simpósio, cujo empenho e dedicação tornaram este evento possível e frutífero. Agradeço, sobretudo, pela contínua partilha de saberes que nos mantém unidos e inspirados a continuar a trilhar este caminho de amizade e cooperação entre Portugal e o Japão.

Que esta jornada continue por muitas gerações, e que a academia, com a sua missão de perpetuar o conhecimento e promover o intercâmbio cultural, seja sempre uma ponte sólida entre as nossas nações.

Muito obrigado.

Domingos Caeiro

(Universidade Aberta, outubro de 2024)



publicado por albardeiro às 14:57
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