Parece que há 7 anos Cavaco Silva já tinha previsto os dias de hoje. Claro que não se trata de quiromânçia política nem de nenhum dom extraordinário que o ainda Presidente da República tenha acabado de auto-descobrir. No fundo ele é um professor de economia, e os economistas têm todos uma característica comum: têm todas as receitas para salvarem o país, já exerceram os cargos onde se podem tomar essas decisões, mas faltou-lhes o principal: salvarem o país! E até o ajudaram a afundar.
Lembremo-nos das medidas do então primeiro-ministro Cavaco Silva:
Foi o primeiro a ter a ideia de criar as nefastas parecerias público-privadas. E fê-lo dando à Lusoponte a gestão da Ponte Vasco da Gama e como brinde a Ponte 25 de Abril. O buzinão que ia fazendo de Cavaco Silva o Acabado Silva foi precisamente gerado pela onda popular contra a medida da Lusoponte.
Foi Cavaco que introduziu na Função Pública o conceito de promoção automática na carreira e que deu aos professores benesses nunca antes tidas(os meus amigos, tal como eu que são funcionários públicos e professores, sabem do que estou a falar!). Foi com Cavaco que começou a paranóia de comprar casa própria tendo feito de cada português um proprietário refém toda a vida dos juros oscilantes dos bancos e com um garrote no pescoço sempre pronto a apertar.
Cavaco acabou com as pescas, a agricultura e ajudou a liquidar as pequenas e médias empresas. Cavaco lançou na sociedade a ideia de que quem tinha mais de 45 anos era velho para trabalhar e começou a permitir reformas aos 50 anos sem penalização. Assim permitiu que as grandes empresas se tivessem visto livre dos trastes e daqueles que tinham experiência, competência e ética.
Cavaco foi Ministro das Finanças, Primeiro-Ministro e Presidente da República e está nisto há mais de 20 anos(são os nossos ismos!! fatal destino). Parece que desceu agora à Terra e que esteve sempre no Céu abençoando um país tresmalhado.
Depois destes anos todos no Poder regressa com a mensagem que todos o conhecem e que todos podem confiar nele. A estratégia eleitoral é boa e a equipa de Cavaco é de uma eficácia e profissionalismo totais. É aliás tão boa que não se sente, nem se vê. Mas insistir no papel do salvador da Pátria quando já nada há para salvar parece , no mínimo, um atestado de indigência aos portuguesinhos. Embora eu ache que eles merecem. Aí concordo com Cavaco. Já agora, também não parece ser mais uma viúva Porcina do Sá Carneiro (é que nestes últimos dias tem sido demais!!)INSTANTE FATAL