Creio que as vozes são polissémicas porque nelas cabe tudo. Não há um tema ou um problema que lhes passe despercebido. São assim porque os problemas sociais são enormes e porque o movimento que as embala não aceita hierarquias, comandos ou planeamento — não tem lideranças nem dirigentes, ainda que esteja organizado e siga algum tipo de plano. Daí o defensivismo conservador de tanta gente, movida ou pelo medo ou por uma visão elitista da história.
Como escreveu Paulo Gaião- "Há os mesmos partidos que governam o país desde o 25 de Abril, e espantosamente, após dois anos de derrocada desde 2011, não surgiu um único partido novo para votar em eleições antecipadas.
Nem palhaços temos. Nem direito ao nosso Beppe Grillo.
Dão-nos vegetais.
Há um conforto para Portas: a religião.
Ontem beijou a mão ao novo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, no Mosteiro dos Jerónimos.
Passos Coelho foi aplaudido pelos crentes e escuteiros e levou um beijinho da devota Maria de Jesus Barroso
No fundo, Passos salvou Portugal de uma guerra política.
Há 60 anos também agradecemos não ter participado na II Guerra com a construção do Cristo-Rei.
Temos iphones e mini-ipads mas o fundo da imagem é o mesmo do salazarismo
(http://expresso.sapo.pt/a-lobotomia-ou-o-25-de-novembro-de-portas=f818874)."
Mas as massas não têm dono nem voz uníssona e numa hora ou noutra baterão no tecto. E, quando isso acontecer, poderão deixar-se arrastar pelo primeiro demagogo que souber seduzi-las. Os populistas de plantão estão de olho nelas. Como sempre.
Se nada for feito a tempo, se é que ainda há tempo, esse movimento pode ter um desfecho muito imprevisível.