Os últimos acontecimentos demonstram que para o FMI, corrijo, para o ex-diretor-geral desta organização, "tudo o que é buraco é trincheira". Arrisco-me a dizer que o único local de onde o FMI - Fundo Monetário Internacional - emana real instabilidade é mesmo do interior das pantalones do sr. ex-diretor Dominique Strauss-Kahn. E se o primeiro e enorme buraco do mês a ser violentado pelo FMI foi um orifício chamado Portugal, um país com aproximadamente 10 milhões de habitantes, o ex-diretor máximo desta organização tratou de fazer o mesmo a uma empregada de hotel em Nova Iorque.
Alegadamente este senhor leva demasiado a sério esta forma de agir que consegue manietar e violentar quem cai nas garras desta seita que funciona um bocado como uma "empresa" de agiotagem à escola global. Pacotes diferentes. Medidas diferentes. Violações diferentes. Ambas não consentidas ou autorizadas (pelo menos por quem sofre as medidas na pele) e resultados diferentes. Como similaridade nos dois casos ficam as vítimas inocentes pelo meio. Um país da Europa e a sua população deste lado do Atlântico. Uma emigrante empregada de hotel residente no Bronx do outro.
Obviamente que o caso americano é um caso de polícia, o português é também uma emergência, mas de outro tipo. Em Portugal, como se viu recentemente num caso em que os juízes deviam ser sujeitos a análise psiquiátrica com possibilidade de internamento, provavelmente este senhor teria apanhado o avião e ia à vidinha dele. Nos EUA, as coisas são um bocadinho diferentes.
Curiosamente o sr. ex-diretor acabou "hospedado" na mesma prisão nova-iorquina onde reside o português Renato Seabra desde que este, igualmente num alegado crime sexual praticado num hotel, acabou detido e aguarda julgamento pelo homicídio de Carlos Castro. Será ótimo, pois ficamos com um representante oficial junto do homem forte da organização que está a financiar Portugal. Querem melhor? Nem por medida. Parece-me uma janela de oportunidade que não deve ser desperdiçada pelo Estado português. E quem sabe uma janela de oportunidade para Renato Seabra fazer o que alegadamente já fez uma vez. O que para mim, seria plenamente justificado a provar-se a culpabilidade do sr. ex-diretor do FMI neste crime de que é acusado. Justiça divina. [Tiago Mesquita (www.expresso.pt)]