Este grupo de políticos tem em comum o entusiasmo que não consegue inspirar nos eleitores dos seus países respectivos. Não parecem acreditar com grande firmeza em qualquer conjunto coerente de princípios ou políticas. (…)
Beneficiários dos Estados-providência que põem em causa, eles são todos filhos de Thatcher: políticos que superintenderam ao recuo nas ambições dos seus antecessores (…)
Convencidos de que pouco podem fazer, pouco fazem. Deles o melhor que pode ser dito, como tantas vezes sucede com a geração baby boom, é que não defendem nada em particular: políticos light.
Já sem confiança em pessoas assim, perdemos a fé não só nos deputados e congressistas, mas no próprio parlamento e no congresso. Nessas alturas o instinto popular ou é "mandar os malandros para a rua" ou então deixar que façam o pior. Nenhuma das reacções é promissora: não sabemos como mandá-los para a rua, e já não nos podemos dar ao luxo de deixá-los fazer o seu pior. Uma terceira reacção – "derrubar o sistema" – é desacreditada pela sua inanidade intrínseca: que partes de que sistema, e a favor de que sistema substituto? De qualquer maneira, quem é que o vai derrubar?
(Tony Judt, Um tratado sobre os nossos actuais descontentamentos, Edições 70; p.133-4).
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