CONTINUAÇÃO da contribuição histórica para os esclarecimentos dos autarcas (Taifas)
O Poder Local é um elemento constitutivo da Democracia Portuguesa, em cujo processo de formação interveio a consciência fundacional da cidadania. Se a autonomia local se inscreveu no património da democracia, ao qual juntou factores de eficácia e de consenso, existe hoje, também, uma consciência generalizada de que entrou numa nova fase de responsabilidade que não pode estar ao “sabor” dos desejos politiqueiros de nababos ou de “Taifas”. Reforçar a capacidade institucional dos territórios, reforçar a capacidade de inovação dos territórios, reforçar a identidade do território, são, em sÃntese, desafios que se levantam, nomeadamente a regiões como o Alentejo, caminhos que requerem unidade e subsidiariedade, e isso só pode ser trilhado com Autarcas que tenham o sentido e a preocupação do bem comum e não meramente interesses pessoais e partidários.
Agora digam: os indivÃduos (autarcas) que foram ao Funchal poder-se-ão rever no que atrás dissemos? Sem comentários...! O que se segue é mais um pouco do contributo para se perceber a História da nossa região.
ALENTEJO: um equÃvoco ou uma região?
A primeira proposta de divisão bipartida da provÃncia parece datar de 1822, quando Francisco Soares Franco escrevia: «No Alentejo se podem formar duas administrações, ou provÃncias, uma ao norte, que se poderia chamar alto Alentejo, outra ao sul, que se denominaria baixo Alentejo.» No ano seguinte, a Comissão de EstatÃstica, de que ele fazia parte, iria propor que o Alto Alentejo se dividisse em duas comarcas (Portalegre e Évora), e o Baixo Alentejo noutras duas (Setúbal e Beja), absorvendo, portanto, a Estremadura transtagana, que se tinha desenvolvido ao longo do litoral, até atingir a região de Odemira. No entanto, a divisão distrital adoptada em 1835, que perdurou até hoje, voltou a ligar a Lisboa o Ocidente transtagano (até ao sul de Sines), dividindo as terras interiores em três distritos - Portalegre, Évora e Beja -, sendo este o maior de todos os distritos portugueses, por ter incorporado também a região de Odemira.
No entanto, não se nota nenhum contraste climático nÃtido entre o Norte e o Sul do Alentejo: a diferença é muito mais sensÃvel entre as terras litorais e as interiores, entre o Alentejo do sobreiro, onde penetram ainda os sopros do Atlântico, e o da azinheira. Ou será o contraste resultante do afastamento para com a capital do paÃs, ou seja, uma posição mais ou menos periférica? Talvez se deva realmente procurar nos factores humanos, na maior ou menor integração na vida nacional, a verdadeira diferenciação entre as duas partes do Alentejo: o Alto, mais povoado, mais urbanizado, percorrido por estradas mais frequentadas; e o Baixo, mais periférico, com uma população menos numerosa, e como que ignorado pelas autoridades eclesiásticas e civis.
Observar o Alto e o Baixo Alentejo separadamente é, pois, uma tarefa que implica considerá-los não apenas nas suas singularidades, mas também e, talvez mesmo principalmente, ter em conta as múltiplas continuidades que entre eles se estabelecem. Quem vive debaixo do mesmo sol, trabalha a mesma terra e come o mesmo pão, há-de estar unido por vÃnculos mais fortes que os das divisões administrativas. Aqui, como noutros lados, as variações locais não chegam para quebrar o sentido de unidade que se desprende do todo.
CONTINUA
Problemas de interpretaçã...