Não estou só...
A Ana Sá Lopes, hoje no Público, dá voz à Vanessa.
Aproveitei e fiz uma quadrazinha que aqui te deixo, com um beijo, votos de bom governo e cuidado com os maus:
Santana sozinho na serra
a olhar a dor na nossa terra
é a guerra é a guerra
quem ganha é quem não emperra.
Parte IV
Pero da Ponte era galego, provavelmente de Pontevedra. Frequentou a corte de Afonso X e, provavelmente, a de Jaime I de Aragão. Escreveu nos três géneros (cantigas de amigo, escárnio e maldizer) cerca de 53 cantigas que demonstram o seu talento incomum e o colocam muito à frente do seu tempo.
A sua intimidade com Afonso de Coton, bem como as alusões frequentes que faz hábitos de alcoolismo de Afonso X, dão-nos a entender que ele próprio seria frequentador destes mesmos hábitos e da vida boémia em geral.
Cantiga de Escárnio e Maldizer
(esta cantiga trata-se de uma provocação a D. Bernaldo por este se ter apaixonado, na sua velhice, por uma dita "mulher de vida fácil")
Dom Bernaldo, pois trazeis
convosco uma tal mulher,
a pior que conheceis,
que se o alguazil souber,
açoitá-la quererá.
A puta queixar-se-á
e vós, assanhar-vos-eis.
Mas vós que tudo entendeis,
quanto um bom segrel entende,
por que demónio viveis
com uma puta que se vende?
Porque, vede o que fará:
alguma vos pregará,
de que vergonha tereis.
E depois, o que fareis
se alguém a El-Rei contar
a mulher com quem viveis
e ele a quiser justiçar?
Se nem Deus lhe valerá,
muitos vos molestará,
pois valer-lhe não podeis.
E nem vos apercebeis
que se ela tiver um filho,
andando, como sabeis,
com o primeiro maltrapilho,
o que receio para já,
de vós se suspeitará
que no filho parte haveis.
(esta segunda cantiga de Maldizer relata uma história, entredentes, em que Pero da Ponte terá sido supostamente atacado por dois homossexuais que o tentaram violar, uma vez que ele desprezava todo e qualquer homossexual.)
Porque mal digo, como homem fodilhão,
o mais que posso destes invertidos,
contra eles trovando e seus maridos,
quis um deles deixar-me em grande espanto:
topou comigo e sobraçando o manto
quis em mim espetar o caralhão.
Porque lhes faço versos e canções
nas quais, quanto mais posso, escarnecendo
vou desses putos que se vão fodendo,
um deles, que de noite me agarrou,
quis meter-me o caralho, mas errou
e lançou sobre mim os seus colhões.
(DIZ QUE DISSE)
CONTINUA