Provavelmente a nossa indignação não andará longe das palavras de uma canção, cuja autoria pertence ao agrupamento musical brasileiro Skank e que diz mais ou menos assim:
A nossa indignação
É uma mosca sem asas
Não ultrapassa as janelas
De nossas casas
Indignação indigna
Indigna inação.
Contudo, ele há coisas que estão cada vez mais indignas e o direito à indignação torna-se numa questão de cidadania e de honra. Por ser assim e sem mais comentários publico uma parte do texto de Rogério Rodrigues que serve de editorial na Capital de hoje, cá vai e por favor não se indignem...!
Há como que uma dimensão oligárquica neste Governo que leva a proteger os seus ´ad absurdum´ ( ver a escandalosa reforma de 18 mil euros de Mira Amaral, em contraste com a «conversa em família», em pose de Estado menor, de Bagão Felix). Não pode ser apenas coincidência que, no mesmo dia em que é denunciada por A Capital a reforma milionária de um ex-presidente da CGD, o ´Correio da Manhã´ noticie que um ser humano acaba de morrer à fome a cem quilómetros de Lisboa. Não é demagogia. É a realidade deste país levada ao extremo. As assimetrias avolumam-se. São mais as mesas cheias nos restaurantes de luxo que nos restaurantes populares.
Cresce a dor. Falta crescer a indignação. A classe política não só se mediocratizou como se divorciou, quase em definitivo, da realidade do país, do país profundo, adormecido e conformista. E vive-se e sobrevive-se na mentira. No insustentável peso da mentira. Mente-se na abertura do ano escolar, mente-se na colocação dos professores, mente-se nas taxas moderadores, mente-se na retoma artificial. E o Presidente da República que fez crescer até à vastidão estes campos de esterilidade, em nome duma virtual estabilidade, recolhe-se ao silêncio, numa mágoa de água corrente a lavar as mãos. Quanto a nós, parece que estamos todos a cuspir para o ar. Antes que a chuva caia.
Só para acabar!
Não quero a liberdade para ouvir promessas futuras.
Já fui paciente. Estou apressado.
Estou no presente.
Mas trago o passado na mente.
O aprendizado.
Acumulado.