Não, não é ainda sobre o encontro "blogueiro" (o Carlos do Ideias... tem razão; talvez seja o gosto partilhado pelas Motos) realizado em Beja. Prometo (palavra de candidato!) que um dos próximos textos traga (este é o tempo verbal de um candidato) matéria sobre a "coisa". Agora é tempo do Hugo Fernandez esclarecer, ainda, alguns aspectos de uma conversa inacabada...
CONTRA A BARBÁRIE
George Soros, o multimilionário húngaro-americano e adversário confesso de George W. Bush, fez a seguinte declaração: se Bush for reeleito, mesmo sabendo nós que nos mentiu, teremos de assumir as consequências das suas políticas e o sentimento antiamericano no mundo estará justificado. (Visão, 21/10/04). Apesar de reconhecer alguma pertinência na afirmação, não podemos estar de acordo com Soros. Não se pode confundir anti- bushismo com anti-americanismo. Tais generalizações cegas e abusivas levaram, como sabemos, a flagrantes injustiças, preconceitos e conflitos em diversas regiões. E pensar assim seria não só ineficaz como de extrema gravidade, pois facilmente nos conduziria à lógica da acção dos Bin Laden deste mundo. Por outro lado, a fulanização da política representa a outra face da mesma moeda da intolerância e do maniqueísmo.
Infelizmente, o mesmo espírito troglodita se encontra disseminado nos locais e instituições mais insuspeitas. Vejam-se as declarações da vice-presidente da Comissão Europeia e dirigente do PP espanhol, Loyola de Palacio, a propósito da recente queda do Presidente cubano Fidel Castro: Esperamos todos que Castro morra quanto antes (...) para que haja liberdade em Cuba. (Público, 23/10/04). Parece que o wanted, dead or alive do velho Oeste, recuperado pelos neo-conservadores americanos como arma de confronto político, criou escola. Ora se estas não são declarações terroristas, não sabemos o que são. Ou será que agora vale tudo? Pensamos, por isso, que ostracizar povos inteiros por causa da actuação dos seus governantes é errado e perigoso.
Pensamos, igualmente, que o aniquilamento físico de dirigentes políticos, conduz a política a uma inevitável via terrorista. No entanto, também é certo que a afirmação de Georges Soros nos alerta para outro aspecto decisivo. É que a luta dos povos do mundo, incluindo o americano, contra os propósitos criminosos da actual administração norte-americana, tem que ser firme e generalizada. Em nome da defesa da Humanidade.