Albardas e Alforges... nunca vi nada assim! Minto... já vi!
Terça-feira, 16 de Novembro de 2004
Falar de princípios ÉTICOS e de CONDUTAS POLÍTICAS e CÍVICAS.

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem diga nem todas, só as de verão. Mas no fundo isso não tem muita importância. O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre. Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."


Shakespeare


Transcrevi este trecho porque no último sono que tive, sonhei! É verdade, sonhei. Sonhei que o desemprego seguia igual, a crise também, face ao espectáculo da política dava a impressão de que se vivia num outro país...e sonhei outra coisa ainda! Questionei-me, questionei o Freud, questionei a consciência, o inconsciente, o subconsciente. Nada! Ninguém me respondeu. Só tinha mais perguntas: estou a sonhar ou isto é outro cisma qualquer? Resposta... nada. Só silêncios a esse respeito. Então lembrei-me de ter lido qualquer coisa sobre estas coisas dos sonhos, salvo melhor lembrança, naquelas revistas de consultório de dentista, em dia de espera sem consulta marcada. Dizia mais ou menos o seguinte: Caminhos a serem percorridos para interpretarmos os sonhos: Registe o seu sonho - escreva, desenhe ou grave tudo o que se lembrar do seu sonho, faça o registo sem pressão, sem ansiedade para evitar apagar da sua memória qualquer sinal referente ao seu sonho ou, até mesmo, todo o sonho, pois muita agitação é prejudicial para este processo. Nem de propósito – quietinho - como alentejano que se preze e fiel aos bons princípios e preceitos (isto é só inveja dos outros), não me agitei nada, mesmo nada. Confesso que só voltei a acordar em frente ao teclado do Pc, mas sentia-me muito indignado, deveras indignado, aliás sinto! Resolvi seguir a recomendação da dita revista; assim, sem grande agitação e antes que volte a adormecer, vou transcrever a outra coisa que sonhei, aqui vai:


Sonhos num país das maravilhas! Sonhei que é necessário:



  • I - Respeitar e fazer respeitar a VIDA HUMANA COM DIGNIDADE, como valor absoluto.

  • II - Actuar pela realização dos objectivos fundamentais da Democracia, tendo em vista:


    • - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

    • - garantir o desenvolvimento nacional;

    • - erradicar a pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais;

    • - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

III - Empenhar-se pela universalização efectiva dos direitos sociais, civis e políticos, que permita a todos a cidadania plena, quotidiana e activa.




    • 1. Trabalhar por projectos políticos vinculados ao processo de construção de uma nova ordem societária mais igualitária, mais justa, mais livre, mais humana e humanizadora.

    • 2. Defender intransigentemente os direitos humanos e recusar toda a forma de arbítrio e de autoritarismo.

    • 3. Agir em todas as circunstâncias em favor da ampliação e consolidação da cidadania.

    • 4. Defender intransigentemente a equidade e a justiça social como acesso universal e irrestrito a todos os bens e serviços disponíveis na sociedade.

    • 5. Respeitar e valorizar a diversidade cultural, defendendo o pluralismo de ideias, de tradições e de projectos.

  • IV - Tratar com respeito, civilidade e disposição para o diálogo, todas as pessoas, sem discriminação de qualquer natureza e combater todas as formas de preconceito.

  • V - Dignificar a função pública, sendo íntegro e honesto nas relações públicas e pessoais, além de transparente nas acções.

  • VI - Afirmar os valores da democracia, respeitando e fazendo respeitar a lei democraticamente elaborada, zelando pelas instituições e património público.

  • VII - Preservar e cuidar da natureza, como condição de sobrevivência das gerações actuais e futuras.

  • VIII- Actuar como agente promotor do bem comum e, da solidariedade, assumindo que o interesse colectivo deverá sempre prevalecer sobre os interesses individuais.

  • IX - Assumir, plenamente, as responsabilidades institucional, pessoal e educacional, decorrentes da sua condição de liderança: - cumprir fielmente e estritamente os deveres que lhe forem atribuídos; - ser um exemplo de cidadania; - dialogar com aqueles que lideram, de modo a ampliar a sua consciência política e a fazê-los crescer na cidadania.

  • X- Comportar-se com absoluto respeito e cuidado pelo património económico, político e cultural dos cidadãos; preservar e ampliar os valores construídos, colectivamente.

  • XI. - Cumprir o programa político para a qual foi eleito e empenhar-se na realização das potencialidades económicas, políticas, sociais, culturais da comunidade e por tudo aquilo que temos a possibilidade de vir a ter, a realizar, a ser, como parte dos nossos direitos e dos nossos deveres.

  • XII - Agir, construtivamente, por um desenvolvimento económico socialmente justo e sustentável, articulando, democraticamente, a participação da comunidade nesse processo.

  • XIII - Optimizar o uso de recursos públicos e combater toda a forma de desperdício.

  • XIV - Estimular a participação da comunidade na gestão local, criando mecanismos ou difundindo práticas participativas, educando a população para o exercício pleno da cidadania.

  • XV - Assumir funções públicas como missão de serviço à comunidade, estimulando a confiança e a esperança.

  • XVI - Ser transparente na sua actuação e manter compromissos com a verdade, disponibilizando as informações que possibilitem maior e melhor participação da comunidade.

  • XVII- Valorizar a autodeterminação da comunidade local, lutando sempre pela autonomia política, administrativa e financeira da administração municipal, reconhecendo que a solução dos problemas na esfera local é provida de maior racionalidade, quando fundamentada em processos democráticos de gestão.

  • XVIII - Não legislar em causa própria.

  • XIX - Cumprir as decisões da maioria, respeitando os interesses da minoria.

  • XX - Assumir a responsabilidade pelos actos, submetendo-se à fiscalização dos mecanismos legais e os de controlo social.

  • XXI - Lutar pela desconcentração e descentralização do poder, de forma que o que possa ser decidido e realizado pela sociedade, não o seja pela administração municipal e deixar para os demais níveis de governo o que não lhe couber.

  • XXII - Aperfeiçoar, continuamente, habilidades e capacidades, elevando o nível da qualidade profissional do agente público.

  • XXIII - Resistir à corrupção e combatê-la em todas as suas formas.

  • XXIV - Não procurar obter vantagens ou privilégios para si, familiares, ou amigos, sob qualquer pretexto.

  • XXV - Abster-se de se empenhar pela realização de qualquer obra ou serviço, na qual seja beneficiário directo.

  • XXVI - Não exercer e nem submeter-se a pressões que contrariem o interesse público.

  • XXVII - Repelir o clientelismo, o nepotismo e a promiscuidade entre bens e serviços públicos e privados, agindo de forma justa e imparcial.

  • XXVIII - Não ser conivente e lutar contra as práticas abusivas do poder económico no processo societáriol.

Não sei... parece-me demasiado honesto e politicamente correcto, este sonho. Se alguém tiver sugestões para a sua descodificação, dão-se alvíssaras!



publicado por albardeiro às 00:22
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7 comentários:
De GIN a 28 de Novembro de 2004 às 15:50
O meu sonho é sempre igual a esse ... oxalá mais gente sonhe assim a sério


De Analgica a 22 de Novembro de 2004 às 23:29
Freud explica... : )


De Analgica a 22 de Novembro de 2004 às 23:24
Freud explica... : )


De morfeu a 21 de Novembro de 2004 às 11:21
...digamos que foi mais propriamente um pesadelo utópico...
saudações do Morfeu


De Andr a 17 de Novembro de 2004 às 14:26
Tem cuidado! Tem muito cuidado! Qualquer dia ainda és atropelado a atravessar a passadeira, por um carro de vidros fumados, a alta velocidade. Põe-te manso, compadre, põe-te manso e deixa-te de idéias subversivas...
Fora de brincadeiras, um grande texto...e um grande abraço para ti!


De raiodevida a 17 de Novembro de 2004 às 00:45
Você passou-se, homem. Neste país uma coisa dessas é pesadelo; tenha lá cuidado, não leve alguém a sério essa minuta cívica e política e então é que é o cabo dos trabalhos. Podemos qualquer dia acordar e não é que temos uma sociedade onde as essas coisas da cidadania e da democracia são levadas a sério. E depois o que é fazemos? Só se seguirmos o conselho do Abrunhosa, talvez ...der!


De Plancie Herica a 16 de Novembro de 2004 às 23:48
Cá para mim é um sonho muito perigoso...
Continuando assim ainda faz desta badana um democracia! Veja lá homem!...

Um abraço assustado,
Francisco Nunes


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