Pensamentos: as épocas, os momentos históricos escapam ao reino do sujeito e da estrutura, se as olharmos como multiplicidades. Referimos este pensamento por considerarmos que o nosso Presente remete-nos para a perplexidade dos intérpretes e dos protagonistas. Em diversos momentos somos espetadores e atores. Mas o que vemos, o que conhecemos? Em que concordamos sobre este país real? O Portugal, o nosso Portugal é uma interpretação do passado, não é o passado. Também não será o futuro – só uma esperança de futuro. O nosso Portugal é um momento fugaz a cada momento substituído por outro momento fugaz, a tender para o tempo longo. Qual a Democracia desse momento? A Democracia direta? A Democracia representativa? Em que modelo de Estado? Em que tipo de regime? A democracia é de facto o sistema político vitorioso do início do século XXI, como pergunta Robert A. Dahl? E o futuro? Podemos protagonizar a cada momento, a sua construção?
Será que podemos ser optimistas?! Mas também sabemos que sob este enunciado de um certo desejo de um Portugal futuro se esconde a crescente distância entre ricos e pobres, o aumento das tensões sociais e da violência urbana, a ténue formação de identidades de pertença contemporâneas, o descrédito das políticas educativas, culturais, económicas – pois que não deram a volta ao insucesso escolar, ao abandono precoce, à depauperação da terceira idade no Interior, etc., etc.
Temos que acreditar num Portugal que tem o dever de elevar a potência da sua memória e interpreta-la a favor de um quotidiano de afirmação da criatividade, da iniciativa e do valor do individual no colectivo e do colectivo enquanto colectivo.