Eu creio, pelas palavras e atitudes de quem agora nos governa, que o Alexandre Herculano, o Rodrigues de Freitas, o Oliveira Martins, o Basílio Teles, até o Afonso Costa, o Anselmo de Andrade, o Ezequiel de Campos e tantos outros que escreveram sobre a emigração e a torpeza de quem nos governava, deviam ser uns ignorantes e estiveram profundamente enganados a propósito do que escreveram! Por favor, haja paciência, se já é difícil perceber um político que anuncia o empobrecimento, ouvi-lo dizer para irmos embora... o que é que teremos que fazer?
Pergunto ao governo e aos seus mancomunados se já constituiram a empresa (isso pode ser empreendedorismo!) e a rede de engajadores?!!
É isto que nos querem obrigar a retomar!
PIREM-SE!!
Todos os portugueses têm o direito a viver e desenvolver a sua actividade em Portugal. Trata-se de um direito inalienável, este direito de cidadania. Podemos emigrar, mas no estrangeiro não somos cidadãos nacionais, somos residentes, com um estatuto de menoridade relativamente à população nacional.
Não fica bem, portanto, ao primeiro-ministro, sugerir a quem quer que seja que se pire daqui para fora, quaisquer que sejam as razões. Pelo contrário, os líderes nacionais devem manifestar desconforto com os níveis de emigração que atingimos.
Relativamente aos professores é necessário analisar o problema em duas vertentes:
Ao sugerir a "porta da rua" aos jovens professores sem colocação, PPC revela grande insensibilidade e incapacidade para mudar o que realmente está mal.
Instante Fatal (http://instantefatal.blogspot.com/2011/12/o-taximetro-de-passos-coelho.html)
Já vi governantes e chefes de Estado chorarem perante cataclismos naturais ou brutais atentados cuja dimensão os reduz – nos reduz a todos – à simples condição humana. São lágrimas verdadeiras de quem, demasiado sincero ou impotente, não consegue deixar de expressar sentimentos que normalmente são compartilhados por toda uma nação em genuíno sofrimento. Merecem, por isso, todo a nossa solidariedade e respeito. Mas também já vi encenações grotescas de políticos cujos atos de contrição soam tão falso como os disfarces e enredos com que pretendem mascarar as suas reais intenções.
Como interpretar, então, a comoção da Ministra dos Assuntos Sociais de Itália, Elsa Fornero, quando, no passado domingo (4 de Dezembro de 2011), chorou ao anunciar as medidas de austeridade impostas ao país pelo governo de que faz parte? Insegurança de principiante? Não é o caso. Elsa Fornero tem 63 anos, é economista e professora catedrática de Economia Política na Universidade de Piemonte, em Turim, e Fundadora do Centro de Investigação de Pensões e Políticas Sociais, com vasta produção teórica sobre sistemas de segurança social e fundos de pensões. Integrando, desde Novembro, o governo tecnocrata e neoliberal de Mario Monti – espécie de comissário do Banco Central Europeu em Itália –, a ministra foi incapaz de anunciar os sacrifícios inerentes à revisão das reformas, ao congelamento de pensões e à consequente redução de rendimentos para muitos reformados.
Ora, das duas uma. Se para a dita senhora o pacote de austeridade do senador Monti – personagem que, entre outros atributos, é presidente europeu da Comissão Trilateral, o grupo fundado por David Rockefeller em 1973, e consultor internacional de empresas como a Goldman Sachs ou a Coca-Cola – é de tal maneira draconiano e injusto que lhe causa tamanha repulsa e merece tão sentida rejeição, então não se percebe porque aceitou integrar semelhante executivo, até porque é difícil de acreditar que houvesse um desconhecimento da sua parte relativamente à orientação política seguida e ao tipo e profundidade de medidas que seriam implementadas.
Se, pelo contrário, se trata de uma farsa, do fingimento de uma emoção, daquilo que se convencionou denominar “lágrimas de crocodilo” – e que, de facto, estes animais derramam quando estão a comer as suas vítimas, por efeito da compressão das glândulas lacrimais pelos movimentos das mandíbulas –, então a indução fraudulenta da pena e da compaixão, ainda para mais junto daqueles que irão sofrer os efeitos das ações anunciadas, é uma estratégia indecorosa do mais baixo marketing político … e expressão da mais abjeta conduta humana.
Hugo Fernandez