TENHO A PLENA CONVICÇÃO DE QUE "ISTO" FAZ TODO O SENTIDO
O VERÃO DE 2009 promete ser uma mistura explosiva de eleitoralismo e silly season. As hostilidades já começaram: na passada semana, e com Santana a mexer, António Costa resolveu dar uma canelada no governo. Para Costa, a exclusão da autarquia da administração do metro só mostra a nódoa em que o Ministério das Obras Públicas se tornou. Palavras fortes, sim. E palavras impensáveis antes da derrota do PS nas europeias. Fatalmente, a derrota mudou as regras e Costa sabe que a sua sobrevivência (em Lisboa e no PS) passa por renegar o governo de que ele, convém lembrar, foi destacado membro. Duvido que funcione. A traição, como alguém dizia, pode ser uma mera questão de datas. Mas o gesto de Costa é sobretudo uma questão de medo: o medo de ser varrido em Outubro por uma maré que pode começar em Setembro. Mau sinal. _____
O Parlamento conheceu o seu momento tauromáquico: aconteceu quando Manuel Pinho convidou Bernardino Soares para uma faena. A oposição não gostou. O PS também não. E Pinho lá saiu do governo, encolhido e humilhado. Pinho não merecia tanto: em violência verbal e gestual, o nosso Parlamento já conheceu bem pior. Basta consultar a prosa parlamentar do Portugal pós-revolucionário para ficar encantado com a elegância dos tribunos. O problema é que a imagem televisiva, hoje, não perdoa. E ao fazer o gesto que fez, Pinho não insultou apenas um adversário; ele pôs literalmente um par de chifres no seu próprio governo, atraiçoando-o com uma estocada que pode ser fatal. Quatro anos de PS terminam como começaram: pela imagem. Vem nos manuais: quem vive pela imagem, normalmente morre pela imagem.