Uma universidade é uma instituição de educação superior e de pesquisa, com concessão de graus académicos. A universidade existe para produzir conhecimento, gerar pensamento crítico, organizar e articular os saberes, formar cidadãos, profissionais e lideranças intelectuais. O desempenho dessas nobres e decisivas funções, porém, não é algo que se resolva no plano abstracto. Do mesmo modo que as demais instituições, a universidade está sempre historicamente determinada. Pode funcionar bem ou mal, cumprir com maior ou menor efectividade as suas atribuições, ser mais ou menos admirada e respeitada.
Ela não é perfeita nem inquestionável. Não está acima da sociedade nem desconectada dela. As próprias circunstâncias internas da instituição o seu corpo docente, a sua estrutura administrativa, os seus dirigentes, estatutos e tradições - incidem sobre a sua imagem e o seu desempenho. Em certa medida, cada época, cada sociedade e cada Estado têm a universidade que podem ter, por mais que a instituição universitária, pela sua própria natureza, tenha luz própria e possa, justamente por isso, operar com alguma liberdade em relação às circunstâncias histórico-sociais que lhe estão na base. Não se trata de dependência ou limitação, mas de determinação.
Sustentada pelos princípios da autonomia do saber, da liberdade de expressão e da reflexão desinteressada, que só obedece a si própria, a universidade é uma instituição que se coloca, diante do mundo, como sujeito simultaneamente activo e reactivo. Absorve desafios e expectativas sociais variadas, às quais precisa de responder, mas ao mesmo tempo age para propor pautas e agendas, contribuir para a construção da autoconsciência social, do alargar de fronteiras culturais e de submeter à crítica - a realidade, as estruturas sociais e as relações de dominação.