Comentário...
O que o albardeiro colheu do encontro no Alandroal. Para além da sã convivência foi, do ponto vista mais formal e até académico, aquilo que sociologicamente se define pela visualização das redes sociais (comunidades de interesse) que actuam na virtualidade informal da elaboração da nova construção da cidadania. Creio que o encontro do Alandroal foi um bom exemplo.
Como se sabe, o conceito de rede transformou-se, nas últimas duas décadas, numa alternativa prática de organização, possibilitando processos capazes de responder às buscas de flexibilidade, conectividade e descentralização das esferas contemporâneas de actuação e articulação social. Redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e instituições, de forma democrática e participativa, em torno de objectivos e/ou temáticas comuns. Estruturas flexíveis e cadenciadas, as redes estabelecem-se por relações horizontais, interconexas e em dinâmicas que supõem o trabalho colaborativo e participativo. As redes sustentam-se pela vontade e afinidade dos seus integrantes, caracterizando-se como um significativo recurso organizacional, tanto para as relações pessoais quanto para a estruturação social.
Na prática, redes são comunidades, virtual ou presencialmente constituídas. Essa identificação é muito importante para a compreensão conceptual. As definições de Rede falam de células, nós, conexões orgânicas, sistemas... tudo isso é essencial e até mesmo historicamente correcto para a contestação, mas é a ideia de comunidade que permite a problematização do tema e, consequentemente, o seu entendimento. Mais, uma comunidade é uma estrutura social estabelecida de forma orgânica, ou seja, constitui-se a partir de dinâmicas colectivas e historicamente únicas. A sua própria história e a sua cultura definem uma identidade comunitária.
Esse reconhecimento deve ser colectivo e será fundamental para os sentidos de pertença dos seus cidadãos e desenvolvimento comunitário. A convivência entre os integrantes de uma comunidade, inclusive o estabelecimento de laços de afinidade, será/é definida a partir de pactos sociais ou padrões de relacionamento. Esta conceptualidade desdobra-se em algumas considerações que merecem, hoje, a denominação de instituições do emergente terceiro sector.
As instituições do terceiro sector têm procurado desenvolver acções conjuntas, operando nos níveis local, regional, nacional e internacional, contribuindo para uma sociedade mais justa e democrática. Para tanto, e a partir de diversas causas, a sociedade civil começa a organizar-se em redes para a troca de informações, para a articulação institucional e política e para a implementação de projectos comuns. As experiências têm demonstrado as vantagens e os resultados de acções articuladas e projectos desenvolvidos em parceria.
Creio que o encontro do Alandroal, onde a equipa do Albardeiro esteve presente (mais para ouvir e conhecer promete que para a próxima será mais participativa), é bem o reflexo destas novas/outras formas de funcionalidade social. De forma quase informal, os gestores do Blog do Alandro Al contribuíram, com a realização do encontro da blogosfera, para o desenvolvimento de outros/diferentes fluxos de informação e conhecimento. Gostámos.