Albardas e Alforges... nunca vi nada assim! Minto... já vi!
Domingo, 28 de Novembro de 2004
Coisas de Política e Doutrina!

Hoje, é a vez do Hugo Fernandez. Todavia, o texto do meu amigo suscitou-me uma breve introdução, sobretudo, para “visualizar” outras formas de perspectivar o real, provavelmente um pouco diferente da doutrina que actualmente prevalece baseada, como o Hugo afirma (carregado de razão) num «espírito de perigoso maniqueísmo e de simplista dicotomia entre “nós” e “eles”, “amigos” e “inimigos”, “bons” e “maus”». Milhares de anos de "evolução e - os homens não mudaram. E creio que não é de mais armas que o mundo precisa, nem mesmo de mais e sofisticadas tecnologias, ainda que desejáveis. O mundo parece precisar (urgentemente) é de mais humanidade, ainda que esse termo pareça dizer muito pouco nos dias que correm. Creio que o mundo precisa de mais política, mas entendida no sentido das negociações – esvaziou-se o sentido democrático da política. A dimensão política parece exigir organismos mundiais e meios para fazer valer as suas deliberações. Parece faltar a esses, contudo, autonomia e capacidade para se impor aos interesses particulares. Essa dimensão parece exigir, na perspectiva dos participantes, disposição para renúncias e perdas. Renunciar e perder parece ser necessário. Talvez o mundo precise e espere, hoje, a grandeza dos mais fortes. Infelizmente, somente aos mais fortes parece dada a oportunidade de definir a agenda do futuro. Somente aos mais fortes é dado o privilégio de fazer valer a aposta da negociação, da diplomacia, do diálogo e da solidariedade acima dos ódios e rancores, da intolerância e dos preconceitos mal disfarçados e até mesmo explícitos, milenariamente enraizados na alma de povos, Por isso, o tempo hoje parece exigir que as partes percam um pouco, renunciem, sobretudo e primeiramente as mais fortes. Essa perda, essa renúncia, poderá criar oportunidades a que outras partes se possam sentar à mesa, estabelecendo-se aí a primazia da política e da diplomacia. A paz tão almejada parece exigir a revalorização da política, que há muito vem fazendo falta. Vai longa a introdução... chega!


ACONTECIMENTOS


O historiador francês Michel Winock estabeleceu quatro variáveis destinadas a definir e avaliar a importância do “acontecimento histórico”: intensidade, imprevisibilidade, repercussão e consequências. E, para o caso, falava-se de acontecimentos maiores da História da humanidade, desde a queda de Roma às mãos dos Bárbaros, até à tomada da Bastilha ou o derrube do muro de Berlim. O ataque ao World Trade Center e ao Pentágono nos E.U.A, em Setembro de 2001, marca um dos mais recentes episódios deste tipo de situações marcantes do devir histórico.


Visto à luz desta taxionomia, o acontecimento que agora nos ocupa é visivelmente modesto. No entanto pensamos que este, como outros, constitui um pequeno acontecimento que, na sua aparente insignificância, reflecte de forma fugaz mas muito clara, o que se passa e o que se poderá vir a passar. A sua principal característica radica no intenso simbolismo que encerra, mais do que nas características antes apontadas. Constitui, isso sim, verdadeiro “sinal dos tempos”. Por isso é merecedor de atenção.


Acontece que, após as eleições norte-americanas, George W. Bush, não só ignorou um telegrama e um telefonema que o primeiro-ministro espanhol José Luís Zapatero lhe endereçou, felicitando-o pela sua reeleição, como ostensivamente não retribuiu estas iniciativas, através de um agradecimento, ainda que protocolar. Pelo contrário fez questão de receber numa longa audiência o ex-primeiro-ministro espanhol José Maria Aznar, seu fiel aliado e correligionário político. Classificada como “privada”, serviu precisamente para Bush agradecer um artigo que Aznar escreveu no Wall Street Journal louvando a reeleição do presidente americano. Duvidamos que tal acto se fique a dever à distracção ou à incúria.


Estes factos revelam-nos, pelo contrário, duas coisas. Por um lado, que a concepção que os responsáveis governamentais dos E.U.A têm de democracia é profundamente distorcida. Por outro lado, que radicam toda a sua actuação política num espírito de perigoso maniqueísmo e de simplista dicotomia entre “nós” e “eles”, “amigos” e “inimigos”, “bons” e “maus”, não consentindo diferenças de opinião ou de interesses. Foi, aliás, o que Bush fez questão de frisar logo após os atentados do 11 de Setembro: o célebre “ou estão connosco ou estão com os terroristas”.


Ora, foi precisamente contra as simplificações e as mentiras que Zapatero ganhou as eleições espanholas. Contra a mentira da autoria do atentado de Atocha e contra a mentira da existência de armas de destruição maciça e da ameaça do regime de Saddam para o mundo – lembram-se? – como justificação para a invasão do Iraque. Foi contra a subserviência ao poder americano e a recusa em participar num conflito que tem por único objectivo proporcionar aos E.U.A vantagens geo-estratégicas e novas fontes de abastecimento de recursos energéticos, que Zapatero se tornou primeiro-ministro de Espanha e retirou as tropas espanholas do Iraque. Bush não lhe perdoou.


Acresce outra diferença. É que Zapatero conhece o valor da democracia e aceita as suas regras. Bush não. Quem não se vergar à sua vontade, torna-se um inimigo a abater. A intolerância e fundamentalismo da actual administração americana só tem comparação no que a provocadora gravata vermelha, que Ariel Sharon ostentou no dia em que faleceu o líder palestiniano, simboliza. A grosseria e incumprimento das regras de civilidade estabelecidas na comunidade internacional são muito mais do que simples falta de cortesia. São sinais de fanatismo.


Recorde-se que, nas eleições americanas, reconhecidamente decisivas para o país e para o mundo, apenas 60% dos eleitores se preocuparam em ir votar, o que foi considerado, nos E.U.A, um recorde de participação. Quase metade dos americanos ficaram em casa. Quem ganhou teve pouco mais do que 30% dos votos! É pouco, muito pouco. E se a democracia americana tem este grau de fragilidade, é natural que em relação aos outros países, o poder americano não tenha grandes “cerimónias”. Tratando muitas zonas do nosso globo como o seu “quintal”, os países são autorizados a serem democráticos e independentes, desde que façam o que os E.U.A lhes dizem. A América do Sul ou o Iraque são exemplos flagrantes das privações e destruições a que são sujeitos todos aqueles que ousem opôr-se ao domínio imperial americano. Por isso é que a administração Bush arregimentou Portugal, Espanha ou sobretudo a Grã-Bretanha e hostilizou de forma totalmente desajustada a França ou a Alemanha. Para além das conhecidas divergências em relação à invasão do Iraque, o que está sobretudo aqui em causa é que foram precisamente estes últimos países que foram mais respeitadores da vontade das suas populações e, por isso, se comportaram de forma exemplarmente democrática. Ao contrário dos governos aliados de Bush, que agiram à revelia da vontade das suas populações. No caso espanhol, aqueles que se mostravam favoráveis à guerra, chegaram a ser apenas 2%.


Basta ver, a este propósito, o tipo de “democracias” que os E.U.A apoiam por todo o mundo. É, aliás, curioso observar que o malogrado Yasser Arafat foi, apesar de tudo o que se possa criticar na sua actuação, democraticamente eleito. Constituindo um caso extremamente raro no Médio Oriente, foi imediatamente ostracizado e erigido como o principal obstáculo para o processo de paz na região. Porquê? Porque não fazia aquilo que os americanos queriam que ele fizesse. A intolerância perante perspectivas alternativas é total. Por isso, para a administração norte-americana, só é “democrata” quem cumprir cabalmente o papel que Washington lhe destinou. Os outros são empecilhos a remover quantos antes. E, como se vê, todos os meios serão usados para o efeito. Será que ainda veremos tanques americanos nas ruas de Madrid?


Pura demagogia, dirão. Talvez não seja assim. Afinal, na edição da revista Visão de 24 de Novembro, num artigo intitulado “Bin Bush”, o advogado americano Stanley Hilton, jurista republicano de méritos reconhecidos, que já foi chefe de gabinete do antigo senador Bob Dole, ex-candidato à presidência pelo Partido Republicano, vem acusar o actual presidente dos E.U.A de – nem mais, nem menos! – planear e mandar executar os ataques às Torres Gémeas e ao Pentágono, para justificar a invasão do Iraque e limitar drasticamente as liberdades dos próprios americanos. Ao seu lado estão 400 familiares das vítimas dos atentados que querem que o caso vá a julgamento. Stanley Hilton recorda, a propósito, a operação Northwoods, planeada em 1962 para justificar a invasão de Cuba – e que nunca chegou a ser executada – em que se previa a preparação de uma série de acções terroristas em cidades dos Estados Unidos, se necessário com a morte de cidadãos e mesmo de militares norte-americanos, para atribuir as culpas a Cuba e provocar uma onda de indignação nacional favorável ao ataque. Como se sabe, ao longo da História, este tipo de expediente está longe de ser uma novidade. “Bush é culpado de traição e assassinato em massa”, diz o advogado. Aliás, segundo sondagens recentes, pelo menos metade dos nova-iorquinos considera que a administração Bush está, de alguma maneira, implicada no 11 de Setembro.


Por isso, talvez não seja igualmente por acaso que poucos dias depois de ter afirmado que, tal como os iraquianos, também não gostaria de ver os tanques americanos invadirem o seu país, o Alto Comissário das Nações Unidas no Iraque, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, tenha sido vítima de um atentado, que destruiu a representação da ONU em Bagdad. Curiosamente, entre as numerosas vítimas, não constaram funcionários ou militares americanos.


Há acontecimentos assim. Não sendo decisivos, são significativos. Mais do que isso. Encerram na sua singeleza um enorme simbolismo. Condensam as tensões existentes e potenciam acontecimentos maiores. São pequenos sinais que reflectem os tempos em que vivemos.



publicado por albardeiro às 18:16
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Quarta-feira, 24 de Novembro de 2004
...mancomunados!

Começo pela “algazarra” provocada pelo governo e de alguns dos seus cães de guarda ao parecer da AACS, e continuo com a chamada de atenção, de um lado, pela desfaçatez, pela falta de vergonha na cara dos controladores da informação neste país; de outro, pelo grau de submissão e conivência que une a gente dos média, do estagiário mais novo ao “respeitado comentador/colunista” pretensioso e pardo (“independente” só na cozinha da casa dele). Se todas as actividades têm as suas instâncias reguladoras, por que não a comunicação social? (E o que existia/existe, antes do caso Marcelo, servia. Depois das conclusões a que chegou, não serve). Esta é a interrogação simples, para uma resposta, não tenhamos dúvidas, também simples: pela simples sugestão ou insinuação de que o controlo da informação e a divulgação da informação, hoje a cargo da meia dúzia de grupos/famílias donas da comunicação social, mancomunados com o poder político, seja esclarecido e dado a conhecer à sociedade civil. Os controladores dos média, ou “donos do mundo”, tremem nas “canetas” à mera cogitação dessa ideia. Alegam os mancomunados que não existe “censura” e “ameaças à liberdade de expressão e de imprensa”. Artifício de cinismo para esconder o que de facto ocorre: que os censores são eles mesmos, os donos do jornal, revista, redes de televisão e afins. Liberdade? As redacções dos jornais, televisões e revistas são hoje o reino dos censores, os directores de redacção e de alguns “editorezinhos” fantoches. Censura, cerceamento à liberdade de expressão hoje, têm outro nome: chamam-se redacção de jornal, de telejornal, de revista e outros impressos da “doutrinação”.


As cenas mais risíveis, actualmente, estão relacionadas com a criação/atribuição dessas panóplias que os médias inventam para que os seus profissionais se premeiam uns aos outros, costume cruel, que, de si só, já tira metade da credibilidade desses portadores –, pois os ditos profissionais ao receberem o prémio, geralmente de “melhor cobertura de qualquer coisa...” ou jornalismo político ou coisa que o valha, pronunciam-se pela independência e deontologia, dizendo, em palavras pardacentas, algo que se resume em: “porque nós não precisamos, nós sabemos fazer, esse prémio mostra que nós sabemos fazer”! Pasmem... terminam sob os aplausos acalorados e comprometidos de uma plateia de cúmplices da sua classe. Como se a questão fosse essa (saber ou não saber fazer jornalismo, receber ou não receber esses oscarzinhos fabricados pelos média).


Até prova em contrário, continuo a pensar que é necessário um órgão independente e responsável, escolhido pela sociedade civil, para arbitrar e garantir a isenção na comunicação social: chame-se Alta Autoridade... Conselho de ... ou outra denominação. Um órgão desta natureza tem que ser sempre uma instituição séria e importante: para combater a censura invisível exercida dentro das redacções, que impede o cidadão de receber a informação justa, que, em palavras de Ignacio Ramonet, “cria uma espécie de tela. Uma tela opaca que oculta, que torna eventualmente mais difícil do que nunca, para o cidadão, a procura da informação justa. (...) A censura já não é visível, precisamos desenvolver um esforço de reflexão ainda maior para conseguirmos compreender os novos mecanismos em que ela assenta”.


Mas o que esperar sobretudo de jornalistas de televisão? São os tipos mais submissos e alienados da profissão: amarrados pelos altos salários que a televisão oferece, só fazem o que o patrão manda, são meros papagaios reprodutores de pautas impostas a pulso, de textos editados e reeditados, cortados até ao tutano, homogeneizados à moda da “linha editorial” (ou linha de montagem da censura) do veículo. “A imprensa escrita e audiovisual é dominada por um jornalismo reverente”, como bem diz Serge Halimi, “por grupos industriais e financeiros, por um pensamento de mercado, por redes de conivência. Um pequeno grupo de jornalistas, omnipresentes, impõe a sua definição de informação-mercadoria a uma profissão cada vez mais fragilizada pelo medo do desemprego. Eles servem aos interesses dos donos do mundo. São os novos cães de guarda” (Serge Halimi, Les Nouveaux Chiens de Garde). A censura existe, sim. Não é igual à censura das ditaduras, funciona de outra maneira.


“Como se oculta hoje a informação?”, pergunta Ramonet. “Através de um aumento de informações: a informação é dissimulada ou truncada porque há demasiada para consumir. E não chegamos mesmo a aperceber-nos da que falta.” Além disso: a censura da redacção de um jornal “consiste em suprimir, em amputar, em proibir um certo número de aspectos dos factos, ou até a totalidade dos factos, a ocultá-los, a escondê-los”. A tudo isso, diz ele, vem juntar-se aquela prática muito difundida nos meios mediáticos que consiste, para qualquer jornalista que pretenda fazer normalmente carreira no meio, não criticar as práticas criticáveis dos seus confrades. “Os média, para venderem, têm de dar uma boa imagem de si mesmos e têm, pelo menos, de fazer acreditar na sua própria integridade e imparcialidade.” Na “nova ordem mundial” em voga, a informação é impulsionada e guiada pelo mercado e caracteriza-se, por uma crescente concentração, tanto dos meios de comunicação quanto das empresas de telecomunicações, e pela homogeneização dos conteúdos, o que desemboca no nefasto fenómeno do “pensamento único”.


“Questionamo-nos sobre o futuro dos jornalistas. Eles estão em vias de extinção”, diz Ignacio Ramonet. “O sistema já não os quer. Podia funcionar sem eles. Ou digamos, antes, que aceita funcionar com eles, mas atribuindo-lhes um papel menos decisivo: o de operários numa produção em cadeia (...). Dito de outra maneira, rebaixando-os para a categoria de retocadores de despachos de agência. A qualidade do trabalho dos jornalistas está em vias de regressão e, com a precarização galopante da profissão, acontece o mesmo com o seu estatuto social.” Termino com uma citação da pessoa que, pela sua conduta e percurso jornalístico/literário, é, em grande medida, responsável por estar, aqui, desta forma, a “apresentar” este “lamento/preocupação” sobre as vicissitudes que campeiam no “reino cadaveroso” da comunicação social - a escritora brasileira, Marilene Felinto*, afirma a autora: “outro dia, a minha editora de livros reclamou que tenho pouca inserção na mídia, que a mídia resiste a meu nome quando se trata da divulgação dos meus livros. Pois prefiro morrer de fome a vender um único exemplar se, para isso, tiver de entrar no jogo do conchavo geral do jornalismo-mercadoria. Nunca entrei. Nunca entrarei. Mais do que a mídia resistir a meu nome, resisto eu a ela – e com todo o desprezo a que tenho direito.”


Quantos poderão resistir desta maneira?!


(*)Marilene Felinto: A pernambucana Marilene Felinto formou-se em Português e Inglês, Língua e Literatura pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo em 1981. De lá para cá, escreveu os romances As mulheres de Tijucopapo- - traduzido para o inglês, alemão e francês - e O lago encantado de Grongonzo, o volume de contos Postcard, além de um ensaio biográfico sobre Graciliano Ramos. Em 1983, recebeu o prémio Jabuti na categoria Autor Revelação. Em 1992, foi convidada pela University of California-Berkeley para ministrar um minicurso de literatura brasileira e, dois anos depois, pela Haus Der Kulturen der Welt para participar num circuito cultural de literatura brasileira pela Alemanha. Em 1998, foi convidada pelo Ministério da Cultura de França para participar no Salão do Livro de Paris em homenagem ao Brasil. Foi colunista da Folha de S. Paulo e consultora editorial da Editora Globo. Em 2001, o seu livro, Jornalisticamente incorreto, foi um dos finalistas do Prémio Jabuti na categoria crónicas.



publicado por albardeiro às 16:35
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Terça-feira, 16 de Novembro de 2004
Falar de princípios ÉTICOS e de CONDUTAS POLÍTICAS e CÍVICAS.

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem diga nem todas, só as de verão. Mas no fundo isso não tem muita importância. O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre. Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."


Shakespeare


Transcrevi este trecho porque no último sono que tive, sonhei! É verdade, sonhei. Sonhei que o desemprego seguia igual, a crise também, face ao espectáculo da política dava a impressão de que se vivia num outro país...e sonhei outra coisa ainda! Questionei-me, questionei o Freud, questionei a consciência, o inconsciente, o subconsciente. Nada! Ninguém me respondeu. Só tinha mais perguntas: estou a sonhar ou isto é outro cisma qualquer? Resposta... nada. Só silêncios a esse respeito. Então lembrei-me de ter lido qualquer coisa sobre estas coisas dos sonhos, salvo melhor lembrança, naquelas revistas de consultório de dentista, em dia de espera sem consulta marcada. Dizia mais ou menos o seguinte: Caminhos a serem percorridos para interpretarmos os sonhos: Registe o seu sonho - escreva, desenhe ou grave tudo o que se lembrar do seu sonho, faça o registo sem pressão, sem ansiedade para evitar apagar da sua memória qualquer sinal referente ao seu sonho ou, até mesmo, todo o sonho, pois muita agitação é prejudicial para este processo. Nem de propósito – quietinho - como alentejano que se preze e fiel aos bons princípios e preceitos (isto é só inveja dos outros), não me agitei nada, mesmo nada. Confesso que só voltei a acordar em frente ao teclado do Pc, mas sentia-me muito indignado, deveras indignado, aliás sinto! Resolvi seguir a recomendação da dita revista; assim, sem grande agitação e antes que volte a adormecer, vou transcrever a outra coisa que sonhei, aqui vai:


Sonhos num país das maravilhas! Sonhei que é necessário:



  • I - Respeitar e fazer respeitar a VIDA HUMANA COM DIGNIDADE, como valor absoluto.

  • II - Actuar pela realização dos objectivos fundamentais da Democracia, tendo em vista:


    • - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

    • - garantir o desenvolvimento nacional;

    • - erradicar a pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais;

    • - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

III - Empenhar-se pela universalização efectiva dos direitos sociais, civis e políticos, que permita a todos a cidadania plena, quotidiana e activa.




    • 1. Trabalhar por projectos políticos vinculados ao processo de construção de uma nova ordem societária mais igualitária, mais justa, mais livre, mais humana e humanizadora.

    • 2. Defender intransigentemente os direitos humanos e recusar toda a forma de arbítrio e de autoritarismo.

    • 3. Agir em todas as circunstâncias em favor da ampliação e consolidação da cidadania.

    • 4. Defender intransigentemente a equidade e a justiça social como acesso universal e irrestrito a todos os bens e serviços disponíveis na sociedade.

    • 5. Respeitar e valorizar a diversidade cultural, defendendo o pluralismo de ideias, de tradições e de projectos.

  • IV - Tratar com respeito, civilidade e disposição para o diálogo, todas as pessoas, sem discriminação de qualquer natureza e combater todas as formas de preconceito.

  • V - Dignificar a função pública, sendo íntegro e honesto nas relações públicas e pessoais, além de transparente nas acções.

  • VI - Afirmar os valores da democracia, respeitando e fazendo respeitar a lei democraticamente elaborada, zelando pelas instituições e património público.

  • VII - Preservar e cuidar da natureza, como condição de sobrevivência das gerações actuais e futuras.

  • VIII- Actuar como agente promotor do bem comum e, da solidariedade, assumindo que o interesse colectivo deverá sempre prevalecer sobre os interesses individuais.

  • IX - Assumir, plenamente, as responsabilidades institucional, pessoal e educacional, decorrentes da sua condição de liderança: - cumprir fielmente e estritamente os deveres que lhe forem atribuídos; - ser um exemplo de cidadania; - dialogar com aqueles que lideram, de modo a ampliar a sua consciência política e a fazê-los crescer na cidadania.

  • X- Comportar-se com absoluto respeito e cuidado pelo património económico, político e cultural dos cidadãos; preservar e ampliar os valores construídos, colectivamente.

  • XI. - Cumprir o programa político para a qual foi eleito e empenhar-se na realização das potencialidades económicas, políticas, sociais, culturais da comunidade e por tudo aquilo que temos a possibilidade de vir a ter, a realizar, a ser, como parte dos nossos direitos e dos nossos deveres.

  • XII - Agir, construtivamente, por um desenvolvimento económico socialmente justo e sustentável, articulando, democraticamente, a participação da comunidade nesse processo.

  • XIII - Optimizar o uso de recursos públicos e combater toda a forma de desperdício.

  • XIV - Estimular a participação da comunidade na gestão local, criando mecanismos ou difundindo práticas participativas, educando a população para o exercício pleno da cidadania.

  • XV - Assumir funções públicas como missão de serviço à comunidade, estimulando a confiança e a esperança.

  • XVI - Ser transparente na sua actuação e manter compromissos com a verdade, disponibilizando as informações que possibilitem maior e melhor participação da comunidade.

  • XVII- Valorizar a autodeterminação da comunidade local, lutando sempre pela autonomia política, administrativa e financeira da administração municipal, reconhecendo que a solução dos problemas na esfera local é provida de maior racionalidade, quando fundamentada em processos democráticos de gestão.

  • XVIII - Não legislar em causa própria.

  • XIX - Cumprir as decisões da maioria, respeitando os interesses da minoria.

  • XX - Assumir a responsabilidade pelos actos, submetendo-se à fiscalização dos mecanismos legais e os de controlo social.

  • XXI - Lutar pela desconcentração e descentralização do poder, de forma que o que possa ser decidido e realizado pela sociedade, não o seja pela administração municipal e deixar para os demais níveis de governo o que não lhe couber.

  • XXII - Aperfeiçoar, continuamente, habilidades e capacidades, elevando o nível da qualidade profissional do agente público.

  • XXIII - Resistir à corrupção e combatê-la em todas as suas formas.

  • XXIV - Não procurar obter vantagens ou privilégios para si, familiares, ou amigos, sob qualquer pretexto.

  • XXV - Abster-se de se empenhar pela realização de qualquer obra ou serviço, na qual seja beneficiário directo.

  • XXVI - Não exercer e nem submeter-se a pressões que contrariem o interesse público.

  • XXVII - Repelir o clientelismo, o nepotismo e a promiscuidade entre bens e serviços públicos e privados, agindo de forma justa e imparcial.

  • XXVIII - Não ser conivente e lutar contra as práticas abusivas do poder económico no processo societáriol.

Não sei... parece-me demasiado honesto e politicamente correcto, este sonho. Se alguém tiver sugestões para a sua descodificação, dão-se alvíssaras!



publicado por albardeiro às 00:22
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Sexta-feira, 12 de Novembro de 2004
Ainda outro rescaldo...

 


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Também a roubei.... ao_sul

O que se segue, em particular para os convivas presentes no encontro de Beja, não deve ser entendido como um exercício de diletante, muito pelo contrário, são observações que pretendem ser um olhar mais socio-antropocomunicacional, todavia, trata-se apenas de um outro olhar, provavelmente do mesmo olhar que outros já deram da conhecer, e forma diferente, nos seus espaços de webring. O objectivo é o mesmo - as iniciativas tem que continuar e o mais difícil parece estar feito -, ou seja, dar os primeiros passos e começar a “caminhar”, foi perder o medo... agora é necessário definir caminhos e construir pontes. Do ALBARDEIRO para o mundo outras impressões de ... ou não poderá o quotidiano e o seu devir ser sempre uma “investigação” cientificamente conduzida – há que formular problemáticas...!

Tempo de Blogs

Para discutir a ideia dos blogs como agregadores sociais, é preciso discutir também a ideia de identidade enunciada pelo indivíduo através do seu blog e deste como representação individual ou colectiva no chamado ciberespaço, segundo a ideia de representação do eu. Assim, é possível perceber porque é que os blogs podem funcionar também como elementos de representação do "eu" de cada um, e como "janelas" para que outros possam "conhecer" o indivíduo, permitindo que a interacção aconteça entre pessoas.

(Re)confirmou-se in loco que os blogs permitem ao indivíduo expressar várias facetas da sua personalidade. De acordo com as teorias pós-modernas da identidade que são entendidas a partir da multiplicidade do self, do "eu" enquanto um trabalho de construção, mudança e, principalmente, diversidade. O blog pode ser reconfigurado a cada momento para "reflectir a última concepção de identidade do eu" do seu autor. A ideia de que se "constrói" a identidade é extremamente importante para a compreensão do blog como uma faceta desta identidade. Ao mesmo tempo em que um blog é mutante (constantemente modificado, actualizado, reformulado, reconstruído), a identidade do indivíduo também o é. Döring (2002) afirma: “A construção de uma home-page pessoal promove uma resposta sistemática para a questão crítica da identidade 'quem sou eu' e dá suporte à internacionalização da resposta individual”.

Dentro desta perspectiva, na maioria das situações, o blog publica o "eu" diário e reconstruído do indivíduo. Ele traz a reconfiguração da identidade particular de cada um todos os dias. O layout do blog também faz parte dessa visão do "eu". Desde as cores, elementos e imagens escolhidas, o website pessoal também passa pela percepção de si mesmo, agora aumentada pelo poder de actualização do blog. Constatou-se que muitos dos bloggers navegam no ciberespaço como um espaço cultural de simulação, onde é possível falar, trocar ideias e assumir personagens da “nossa” própria criação. Constatou-se também, nalguns depoimentos dos presentes, que, em algumas situações, a atitude do blogger configura uma “fragmentação” do próprio indivíduo no ciberespaço - é possível ser uma “nova” pessoa ou apresentar um novo “eu” que exacerba uma parcela da sua personalidade, muitas vezes não condizente com o “eu” real. Podemos estender essa visão para o blog, como uma das múltiplas “potencialidades”, ele pode revelar, esconder ou mesmo exacerbar facetas da personalidade do seu autor. Exactamente por isso, muitos blogs podem ser considerados narcisísticos.

O blog representa alguém. Os pensamentos, factos da vida e outros elementos narrados, servem como representação do indivíduo. E, é a partir desta representação que ele é conhecido e percebido pelos demais. E deste modo, será que podemos afirmar que por lado, ser representado na Web por uma página pessoal atractiva, rica em informações, profissional ou humorística pode melhorar a impressão que fazemos de uma determinada pessoa que não nos seja pessoalmente familiar e, por outro lado, a página pessoal pode inclusive suplementar as impressões cara-a-cara que fazemos das pessoas que nos são familiares ou que conhecemos pessoalmente. Os próprios bloggers reconhecem que o blog actua como um motivo para que outras pessoas os conheçam e tenham uma boa impressão de si. "Já falei com muita gente interessante por causa do blog", disse um dos participantes, explicando porque fica agradado com os acessos ao seu blog de pessoas desconhecidas. Outro, explicou: "Vejo-o como um canal de comunicação com os meus amigos e uma maneira de mostrar pro (sic) mundo que eu existo e tenho alguma coisa para dizer." A partir destas opiniões, percebeu-se, através do “fragor” envolvente, que o blog é uma forma de "demarcar o território" no ciberespaço, sentir-se representado, identificado. É uma forma de expressão de si mesmo, como afirmava mais um dos convivas é " uma forma de expressão, onde os outros podem entrar em contacto com a minha personalidade, com a minha vida." Portanto, é uma maneira de se perceber a si mesmo e aos outros. Parece-nos que, aliás ficou claro, o blog é uma realização pessoal para as pessoas: mostra que elas estão ali, mostra como elas se representam, possibilitando que elas sejam conhecidas por outras pessoas e que desenvolvam com essas pessoas interesses em comum. Depois, porque já é um dado adquirido, ter um blog facilita a comunicação com outras "comparsas" que têm interesses em comum, e assim, dessa forma e por esse meio, poderem também trocar ideias sobre matérias/assuntos com os quais têm alguma afinidade, dá ainda a possibilidade de conhecer gente nova, descobrir novos blogs de pessoas que fazem comentários aos textos, outras vezes, descobrir links para sites bastante diferentes e interessantes.

Deste modo, uma comunidade virtual, de acordo com o conceito explicitado anteriormente, é mais do que um suporte no ciberespaço, torna-se mais apelativo do que um canal de chat ou mesmo um website. O suporte está relacionado com o que se convencionou denominar por - virtual settlement. Deste forma, a comunidade constitui-se dos indivíduos e das suas relações construídas a partir do virtual settlement. Ora, entendendo o webring como um virtual settlement, podemos entender também as relações das pessoas que fazem parte do círculo, com os seus blogs e comentários diários, como uma comunidade virtual. Isto porque todas as características estão presentes: a temporalidade das relações, uma vez que os blogs são actualizados frequentemente, bem como os comentários, que são feedbacks de cada post, e que representam a interacção mútua possibilitada pelo sistema; quase todos os blogguers afirmaram que lêem os blogs diariamente. Vários contaram/reconfirmaram casos em que conheceram ou encontraram alguém a quem não "viam" há muito tempo através dos webrings e mesmo relatos de vários e novos interesses/amizades estabelecidas, em princípio, através dos sistemas interactivos dos blogs. Além disso, podemos reconhecer os blogs como representações individuais dos seus autores, possibilitando que estes sejam identificados e tenham de si impressões construídas pelos demais, que interagem, através do virtual settlement com o autor e com os demais elementos da comunidade. Mais encontros são certamente necessários, primordialmente, para determinar se todos os webrings podem constituir-se em comunidades virtuais, bem como discutir a aplicabilidade de soluções que garantam a regulamentação (atenção, sem invadir a liberdade de criação e de informação, aliás já afirmado no "post" anterior) que foi proposta por alguns bloggers neste último encontro.

Aviso importante: não se tem aqui a intenção de realizar um estudo absoluto, mas tão só de lançar para o debate mais indícios e discussões sobre o fenómeno dos blogs.



publicado por albardeiro às 01:52
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Quarta-feira, 10 de Novembro de 2004
(...) do encontro de Blogs

Primeiras notas "albardeiras" para um “Relatório e Contas” do Encontro de Blogs de 6 de Novembro em Beja


· A blogosfera está bem e recomenda-se: há mais – e, provavelmente melhores – blogs e há vontade de os manter activos. · A blogosfera é um espaço de comunicação livre e aberto e assim deve continuar.


· Como a liberdade implica responsabilidade, é fundamental que seja a própria comunidade blogger a definir as suas regras de funcionamento, não permitindo que outros poderes o façam. Para isso há que arranjar espaços de encontro e trabalho da comunidade blogger, bem como assessorias jurídicas, com vista à elaboração da nossa “Constituição”. A ideia de um “Provedor” que assegure a regulação civilizada da blogosfera não é de enjeitar.


· Verifica-se uma grande heterogeneidade na blogosfera. Sendo comum a vontade de comunicar, os propósitos, os temas, os conteúdos, as “linhas editoriais” apresentadas são muito distintas. É bom que assim seja. A blogosfera é um espaço onde todos podem intervir, conforme a sua vontade. No entanto, esta heterogeneidade cria dificuldades “operacionais” nestes Encontros. Para evitar alguma confusão e dispersão de ideias, porque não dividir estes certames em painéis temáticos, ou mesmo avançar para a realização de Encontros temáticos?


· Constatámos que há pessoas que se dão mal com a exposição pública. Problema a rever com atenção!


Primeiro rescaldo do Hugo e do Caeiro... ou não fosse o (...) alentejano; está a nascer mais um rescaldo...!



publicado por albardeiro às 19:36
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Segunda-feira, 8 de Novembro de 2004
Ainda um rescaldo...

Não, não é ainda sobre o encontro "blogueiro" (o Carlos do Ideias... tem razão; talvez seja o gosto partilhado pelas Motos) realizado em Beja. Prometo (palavra de candidato!) que um dos próximos textos traga (este é o tempo verbal de um candidato) matéria sobre a "coisa". Agora é tempo do Hugo Fernandez esclarecer, ainda, alguns aspectos de uma conversa inacabada...


CONTRA A BARBÁRIE


George Soros, o multimilionário húngaro-americano e adversário confesso de George W. Bush, fez a seguinte declaração: “se Bush for reeleito, mesmo sabendo nós que nos mentiu, teremos de assumir as consequências das suas políticas e o sentimento antiamericano no mundo estará justificado.” (Visão, 21/10/04). Apesar de reconhecer alguma pertinência na afirmação, não podemos estar de acordo com Soros. Não se pode confundir anti- bushismo com anti-americanismo. Tais generalizações cegas e abusivas levaram, como sabemos, a flagrantes injustiças, preconceitos e conflitos em diversas regiões. E pensar assim seria não só ineficaz como de extrema gravidade, pois facilmente nos conduziria à lógica da acção dos Bin Laden deste mundo. Por outro lado, a fulanização da política representa a outra face da mesma moeda da intolerância e do maniqueísmo.


Infelizmente, o mesmo espírito troglodita se encontra disseminado nos locais e instituições mais insuspeitas. Vejam-se as declarações da vice-presidente da Comissão Europeia e dirigente do PP espanhol, Loyola de Palacio, a propósito da recente queda do Presidente cubano Fidel Castro: “Esperamos todos que Castro morra quanto antes (...) para que haja liberdade em Cuba.” (Público, 23/10/04). Parece que o “wanted, dead or alive” do velho Oeste, recuperado pelos neo-conservadores americanos como arma de confronto político, criou escola. Ora se estas não são declarações terroristas, não sabemos o que são. Ou será que agora vale tudo? Pensamos, por isso, que ostracizar povos inteiros por causa da actuação dos seus governantes é errado e perigoso.


Pensamos, igualmente, que o aniquilamento físico de dirigentes políticos, conduz a política a uma inevitável via terrorista. No entanto, também é certo que a afirmação de Georges Soros nos alerta para outro aspecto decisivo. É que a luta dos povos do mundo, incluindo o americano, contra os propósitos criminosos da actual administração norte-americana, tem que ser firme e generalizada. Em nome da defesa da Humanidade.



publicado por albardeiro às 15:40
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Quarta-feira, 3 de Novembro de 2004
DECLARAÇÃO AO BAIRRO E À NAÇÃO

PARA A PRÓXIMA... o candidato sou eu!


Votem em mim. Eu não sou um qualquer candidato, vocês sabem, sou um candidato completo e categórico. Votem, vamos, deixem o sonho levar-vos e façam a escolha certa. É inteiramente grátis, é só votarem e relaxarem. Vá lá, digam para vocês próprios: nós merecemos este candidato. E votem com amor. Votem numa boa. Votem com tudo. Votem no melhor. Votem naquele que sabe. Votem naquele que faz. Votem naquele que dá alegria. Sim, porque os bons tempos vão regressar e o futuro é aqui. Votem, eu sou a protecção que vocês precisam, na medida exacta. Votem em mim (adoro falar assim!) e sintam-se secas protegidas e seguras. Palavra, acreditem, nunca foi tão bom votar. Por isso, revelem as estrelas que existem em vocês: votem em mim!


Não? Vocês não vão votar em mim? Nem em ninguém? Mas porquê essa descrença? Isso assim não irá resolver nada. Escutem-me, por favor. Vocês ainda não estão a par, mas a descrença é o grande mal da humanidade. Existem coisas que vocês ainda não sabem, mas acho que chegou a hora da grande revelação. Olhem, vocês devem, sim, votar em mim, porque eu sou o vosso candidato e só através de mim se chegará à autentica democracia. Há ainda mais coisas que eu ainda não vos mostrei. Não vos mostrei, por exemplo, que sem a democracia as trevas e o “mal” tomarão conta de tudo e o mal irá reinar por mil anos. É a verdade, palavra de candidato. E aqueles que não acreditarem na verdade carregarão para sempre o arrependimento. Vocês irão fazer uma escolha importante, a mais importante de todas. De um lado, os ímpios, os infiéis... Do outro, nós, os que votarem em mim. Porque, votando em mim, o vosso dinheiro surgirá... tipo “maná”. Por exemplo, as vossas dores desaparecerão. O vosso IRS diminuirá e outros “acessórios” do género. Os vossos filhos deixarão de se depravar e a velhice e afins dos vossos pais desaparecerá. Votem em mim porque, se existem problemas, eu serei o caminho certo e o curativo.


Nem assim? Mas por quê? O que é que eu preciso de fazer para vocês votarem em mim, criaturas? Não, calma, não nos vamos precipitar. Eu tenho uma ideia (aviso que tenho mais!). Escutem-me, escutem-me. E, se eu vos pedir com jeitinho, vocês votam? Hein? Hum? O que passou, passou, O.K.? Vamos combinar assim, de agora em diante, vocês votam em mim e eu reciclarei (é politicamente correcto) em “apetitoso” tudo o que vocês pedirem, tudo o que vocês quiserem. E eu sei o que é que vocês querem. Sei que vocês só pensaram em não votar em mim porque não imaginavam que eu sou eternamente deslumbrante, incontestavelmente apaixonante, indiscutivelmente meloso e suave, indecepcionavelmente inolvidável. Alguma vez nas vossas vidas eleitorais vocês já votaram em alguém assim, especialmente só para vocês? Confessem, vá lá! Confessem que vocês já estão doidinhos para votarem em mim. Então?, venham logo, venham! Já imaginaram? Vocês votando em mim, só em mim, e eu realizando todas as vossas fantasias, honrando tudo o que vocês mandarem, assim, agora, sem tirar nem pôr!


Mas como é que é? Não vão mesmo votar em mim? Não há hipótese? A vossa decisão está tomada e o assunto encerrado? Pois olhem, acho melhor vocês pensarem bem no que vão fazer. Depois pode ser tarde demais. Vocês tem família, não têm? Mulher, sogra, filhos. Eu sei. Eu sei onde vocês moram. Eu sei que os vossos filhos estão a frequentar aquela escola... que devia estar mais perto de casa. Vocês não gostariam que acontecesse alguma coisa..., gostariam? Claro que não. Nem eu. E, vocês votando em mim, eu irei cuidar da segurança do bairro. Pessoalmente... sim pessoalmente. O que é que julgam que eu sou? Vocês querem acabar com a violência, não querem? Então, votem em mim e vocês vão estar seguros. Eu garanto-vos. Mas, se eu não for eleito, aí, aí... não me responsabilizo. Pode acontecer de tudo aqui. E vai acontecer de tudo aqui. Mas vocês não querem que aconteça de tudo aqui, querem? Não, não querem. Eu sei. Por isso vão votar em mim, não vão? E ajudar-me-ão, claro que sim, não é? Vão até arranjar mais votos para mim. Nas vossas famílias, nos vossos locais de trabalho, na vizinhança. Parece que já estou a ver, vocês e os vossos filhos a fazerem campanha. Palavra, eu começo a ficar até emocionado só de imaginar tal situação. Porreiro, assim é que se fala. Obrigado pelo vosso voto. Eu não os irei decepcionar. Dou-vos a minha palavra. Palavra de candidato!


Por agora tenho dito... até Beja!



publicado por albardeiro às 14:00
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